A troca de socos como esporte tem o mesmo berço da filosofia e da matemática: a Grécia antiga. Apesar de modalidades parecidas com o boxe aparecerem em gravuras sumérias de 3000 a.C., é dos helênicos o primeiro registro dele como algo formal, balizado por regras. Mesmo assim, o boxe antigo faz o de hoje parecer uma brincadeira de filósofos. No primeiro Jogos Olímpicos antigos em que apareceu, em 688 a.C., ele era disputado sem rounds ou limite de tempo. Perdia quem não agüentasse mais a briga, que podia durar horas. A única aliviada era que o surrado tinha permissão para indicar que se rendeu, levantando o braço. Esse estilo de lutas "homéricas" logo mudaria. Para pior. Quando a península grega foi anexada pelos romanos, no século 2 a.C., as "luvas" usadas até então - uma espécie de atadura para proteger os ossos - foram substituídas pelo chamado caestus. Era basicamente um soco inglês feito de couro grosso, revestido com peças de ferro. Resultado: as lutas de boxe ficaram mortais, coisa para gladiador mesmo. Sete séculos mais tarde, com a queda do Império Romano e a ascensão do cristianismo, o boxe acabou no limbo. Ele só reapareceria como "esporte" em torneios de rua na Inglaterra dos séculos 17 e 18. Aí era uma espécie de vale-tudo, sem regras. Coisas como o uso obrigatório de luvas, a proibição de agarrões e os rounds cronometrados só foram estabelecidos a partir da segunda metade do século 19.
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